Hoje eu sonhei contigo Tanta desdita, amor Nem te digo Tanto castigo Que eu tava aflita De te contar
Foi um sonho medonho Desses que às vezes A gente sonha E baba na fronha E se urina toda E quer sufocar
Meu amor Vi chegando Um trem de candango Formando um bando Mas que era um bando De orangotango Pra te pegar
Vinha nego humilhado Vinha morto-vivo Vinha flagelado De tudo que é lado Vinha um bom motivo Pra te esfolar
Quanto mais tu corria Mais tu ficava Mais atolava Mais te sujava Amor, tu fedia Empestava o ar
Tu, que foi tão valente Chorou pra gente Pediu piedade E olha que maldade Me deu vontade De gargalhar
Ao pé da ribanceira Acabou-se a liça E escarrei-te inteira A tua carniça E tinha justiça Nesse escarrar
Te rasgamo a carcaça Descemo a ripa Viramo as tripa Comemo os ovo Ai, e aquele povo Pôs-se a cantar
Foi um sonho medonho Desses que às vezes A gente sonha E baba na fronha E se urina toda E já não tem paz
Pois eu sonhei contigo E caí da cama Ai, amor, não briga Ai, não me castiga Ai, diz que me ama E eu não sonho mais
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2021 (07/Jun) e lançado em 2001 (01/Ago)ECAD verificado obra #2074160 e fonograma #27531696 em 31/Mar/2024 com dados da UBEM